apresentação

Blog da contadora de histórias Vera Perossi.
Se você chegou até aqui, acenda a fogueira e dance em torno dela.


domingo, 15 de julho de 2012

Bons Ventos...



Uma amizade, uma ideia, uma realização... muitas histórias à beira da fogueira...
Além da participação de músicos especialmente convidados para suas apresentações, a Cia A Menina do Quintal, conta com a parceria da flautista Anita Naif Caluri.



terça-feira, 10 de julho de 2012



Esta Flor é para Você!!!

Havia quintais...
Esta flor é para a vó Mariinha, para as tias Tonha, Zezica, Dalva - na pequena cidade do Sul de Minas Gerais - e que estavam naquele quintal, ora cuidando da horta, ora debulhando milho pro preparo do mingau e da pamonha. Batendo a roupa branca e colocando para quarar, ou carregando  a lenha para o fogão. Outras vezes revesando o bater da geléia de mocotó ou do amendoim no pilão...e sempre... sempre contando causos e histórias... e cantarolando uma canção antiga...

"Senhora dona Sancha,
Coberta de ouro e prata
Descubra o seu rosto
que eu quero ver  prata..."

Doces cristalizando sob o sol, abelhas zunindo, cheiro de pão assando...da pamonha cozinhando, e do mingau fervendo.
Mangueira, jabuticabeira, abacateiro, cebolinha... flores, flores, flores...galos... ah! a galinha Sabrina: uma princesa encantada!
Esta flor é para o avô Sebastião em outro quintal. O quintal imenso da casa no interior de São Paulo. Quintal da horta farta, galos, galinhas,pintinhos, patos...Um antigo e gigantesco pé de tamarindo... suco azedo e gostoso preparado pela vovó Maria.
No alpendre o som da gaita do avô Sebastião... o som de sua voz, seu riso, contando causos de admirar e arrepiar.
Charrete estacionada na lateral da casa. Égua comendo capim no terreno em frente. Ah! passeios de charrete, cabelos ao vento...
Esta flor é para a Menina do Quintal da casa, na cidade de São Paulo (há muito tempo). O quintal onde habitavam seres do encantado: sacis, bruxas, fadas... escondidos entre laranjeiras-da-terra, o abacateiro, muitos pés de erva-doce e a plantação de abóbora a perder de vista (abóboras imensas, maduras, boas para fazer doce) e o muro forrado de chuchu.
Lá fora, em companhia do encantado, a Menina toda suja de terra,  constrói um jardim enquanto conta histórias para o Sol, sentindo o cheiro vindo de dentro da casa: a mãe prepara o doce de abóbora com coco e cravo.
No quintal, a Menina suja de terra, toma uma brocha e a tinta verde (sobra de uma pintura que o pai fizera no portão), e pinta no muro: JARDIM DA FELICIDADE.
À hora da Ave-Maria despede-se do Sol já sentindo o cheirinho do jantar: Chuchu com caldinho de feijão e cambuquira refogada com alho e cebola.
Esta flor é para você que canta, toca, dança, pinta, conta histórias... é para você que ri, chora, briga, luta e acredita na Arte.
Esta flor é para você que brinca ou brincou algum dia em quintais encantados e crê que ainda é possível acender uma fogueira e dançar em torno dela.
Agora há um quintal: a memória!